40 perguntas que você sempre quis fazer a um Nômade Digital

Neste post eu vou te contar tudo o que você sempre quis saber sobre um Nômade Digital. Onde vivem, como dormem, o que comem, como ganham dinheiro e são felizes.

Com 8 anos de nomadismo, eu já passei por todo tipo de situação que você possa imaginar, além de já ter conversado com nômades de todos os tipos. Com isso, compilei aqui as principais perguntas sobre a minha vida nômade. Se você não me conhece, sou Fernando Kanarski, nômade digital desde 2015, já passei pelos 5 continentes como nômade, já trabalhei dos mais diversos lugares e condições, desde uma barraca no deserto da Namíbia até um mega prédio em Wall Street.

As perguntas estão divididas em grupos para facilitar a leitura e organização:

Perguntas Gerais

  1. Qual o lugar mais incrível que você já visitou?

Islândia. Sou apaixonado pela Ilha de fogo e gelo. Infelizmente é um dos lugares mais caros do mundo para se visitar, mas sem dúvida foi o lugar mais incrível que visitei e que tenho um carinho gigante. Não a toa já fui para lá 4 vezes, uma delas para comemorar meu aniversário.

2. Qual a melhor parte de viajar pelo mundo?

Poder conhecer diferentes culturas, provar diferentes comidas e ver como o mundo não é tão grande assim, além de estar todo conectado de certa forma.

3. O que você responde para sua vó quando ela pergunta com o que você trabalha?

Para a minha família, eu conto que trabalho com internet. Mesmo amigos próximos não conseguem entender direito o que eu faço. Muitos acham que eu só viajo, outros que eu trabalho no Google. Na verdade, eu trabalho como consultor de marketing digital para clientes brasileiros enquanto viajo pelo mundo. Viajar não é uma necessidade de trabalho, somente algo que faço porque gosto.

4. Tudo o que você tem cabe em uma mala?

Em 3 na verdade. Eu tenho 3 malas atualmente. Duas ficam no Brasil, com documentos, alguns livros, estátuas e roupas. Comigo, viaja uma mala amarela da The North Face, minha queridinha, que já encarou mais ou menos uns 150 voos e continua inteira.

5. Você tem alguma cidadania ou usa somente visto?

Somente vistos de turista e o visto de nômade digital de Dubai. Isso é algo importante no planejamento da vida nômade inclusive. Antes de escolher um destino, eu preciso ver se ele precisa de visto para Brasileiros e qual o tempo máximo que posso ficar. Sempre que entro num país, entro como turista e tento não passar de um mês para não ter problemas com a migração.

6. Você fala várias linguas ou usa somente o inglês?

Somente inglês e português, com um pouco de “portuñol”, como todo brasileiro. Posso dizer que dá para se virar em quase todo lugar do mundo, inclusive no Japão, onde talvez tenha sentido mais dificuldade até agora.

7. Qual foi a situação mais embaraçosa e mais difícil que passou?

Embraçosa: Eu já fui assediado muitas vezes por senhoras asiáticas. Já me pediram algumas vezes para tirar fotos com elas. Conversando com outras pessoas, entendi que isso acontece por eu ser alto, loiro e ter barba, algo bem exótico para asiáticos.

Difícil: Em uma das minhas viagens pela América do sul, eu tinha um voo de volta de Santiago para Curitiba. Porém, quando estava no Chile, a Cia Aerea simplesmente faliu. Deixando todos na mão. Depois de passado o nervosismo e desespero, eu tive de comprar uma passagem só de ida de Santiago a Curitiba. Saiu bem caro. Neste post inclusive eu conto outros perrengues: 5 maiores perrengues em 6 anos como nômade digital.

8. Você planeja e estuda bastante o país antes de passar um tempo lá?

Ultimamente não. Eu já fui mais “planejador”. Ultimamente não tenho muito tempo. Eu simplesmente vou e acabo usando os primeiros dias no país para planejar o que fazer por lá. Infelizmente na vida corrida nômade eu não consigo planeja muito além de tentar pegar um bairro bom para alugar Airbnb. O resto vai acontecendo enquanto estou no novo país.

9. Tem algum país que deixou de ir devido ao custo de vida mais alto?

Não. Eu inclusive adoro Islândia, Singapura, Noruega, Japão e Suiça; que são países bem caros para brasileiros. O que faço neste países é ficar pouco tempo e reduzir ao máximo o custo de vida. Ficando até em hostel, se preciso.

10. Tem algum país que gostou muito e sentiu vontade de morar?

Tenho um shortlist de países que adoraria morar. Acredito que a vida nômade seja um test drive para tomar decisão de onde tentar morar em alguns anos. Na Shortlist, tenho países como Canadá, Islândia, Nova Zelândia, Holanda e Cingapura.

11. Que coisa do Brasil te deixa com saudade quando você está fora?

Coxinha, feijão e Guaraná Antarctica.

12. Em média, quanto tempo fica fora do Brasil?

Geralmente 3 meses. Eu volto sempre ao Brasil para rever clientes, dar aula, ver família e amigos. Então, tenho feito algo em torno de 3 meses fora, 2 meses no Brasil. Mas a tendência é diminuir cada vez mais a estadia no Brasil nos próximos anos. Algo em torno de 4meses fora, 1 mês no Brasil.

13. Se pudesse ter mudado algo, o que teria diferente neste vida nômade?

Teria documentado melhor a transição e o início para transformar em documentário, canal de youtube ou livro.

14. Os vistos que você solicita são sempre de turista?

Sempre de turista. Para trabalhar de outro país seria necessário visto de trabalho. Até explicar para a migração que eu não vou trabalhar para empresas locais, é melhor falar apenas que sou um turista comum.

15. Qual o maior desafio a ser enfrentado.

Manter a sanidade mental. Digo isso, pois se vive uma tensão o tempo todo. Planejando os próximos dias, lidando com fuso horário, novas comidas, novas pessoas, saudade dos amigos e família. É um desafio gigante. Embora compensador, já falei com gente que não aguentou a pressão e desistiu.

16. Qual lugar você criou uma puta expectativa e se frustrou?

Alaska. Eu fui com expectativa muito alta e não vi nada do que imaginava. Talvez por ser alto inverno. E também por já ter visitado lugares tão incríveis quanto, como Islândia, Noruega, Nova Zelândia e Patagônia Argentina.

Perguntas sobre como iniciar

17. Por onde eu começo para ser um nômade digital também?

Bem, nomadismo é um estilo de vida. Então, eu sugiro fazer alguns testes para ver se você se encaixa neste estilo. Primeiro, ache um trabalho que possa fazer de casa (ou remoto). Veja se consegue viajar por muitos dias sozinho ou com sua (seu) parceira (o). Se os 2 primeiros derem certo, é só conseguir juntar dinheiro e escolher o primeiro país.

18. Qual foi o caminho até virar Nômade Digital?

No meu caso, eu trabalhei por 7 anos em uma agência de publicidade em Curitiba. Quando decidi sair dela, eu também decidi que queria continua trabalhando com publicidade. Aí, comecei a fazer trabalhos de freela. Só que logo no começo eu consegui bons trabalhos que fizeram eu ganhar mais do que ganhava como sócio da agência. Daí para virar nômade foi fácil: Eu tinha um trabalho que poderia ser executado remotamente, vontade de viajar e dinheiro entrando.

19. Quando decidiu virar nômade, teve insegurança?

Sim. Minha maior insegurança era que o dinheiro acabasse e eu não pudesse continuar com o sonho. Para contornar isso, eu construí uma reserva de dinheiro e sempre me preocupei eu aumentar ela para garantir que a vida nômade estaria segura, mesmo se tudo desse errado com o trabalho.

20. Você estudou muito para virar nômade?

Eu conheci o termo “nômades digitais” através do site Nômades Digitais. Lí um pouco, entendi que era algo viável para minha vida e me joguei no mundo. Aprendi muita coisa sozinho (e aprendo até hoje). Acredito que não seja preciso um curso para virar nômade, mas sim ter coragem, um trabalho remoto e um dinheiro de reserva caso dê tudo errado.

21. Com quantos anos começou a vida nômade?

A mudança da minha vida aconteceu aos 29 anos. A famosa crise dos 29. Que no meu caso fez muito bem.

22. Se pudesse dar 5 dias para um futuro nômade, quais seriam?

1 . Junte dinheiro;

2. Desapegue;

3. Ache forma remota de fazer dinheiro;

4. Teste para ver se é para você;

5. Invista na saúde mental e física.

23. Como conseguiu se inserir no mercado de freelas?

Eu aproveitei toda a moral que conquistei em 7 anos no mercado de trabalho para desenvolver e aproveitar do meu marketing pessoal. Com isso eu consegui mais de meio milhão de reais nos últimos anos, sem precisar prospectar um único cliente.

Perguntas sobre dinheiro

24. Como gerenciar o dinheiro sendo nômade?

Primeiramente é importante gastar menos do que ganha. Por isso inclusive ir para países do sudeste asiático ou leste europeu, que tem custo de vida bem baixo.

Como eu ganho dinheiro no Brasil e tenho empresa aqui, todo o meu dinheiro fica aqui e uso ele fora através de cartão de crédito ou transferência, usando o Wise.

25. Tinha dinheiro para se manter por quanto tempo quando saiu da empresa que trabalhava?

Quando saí da agência onde trabalhava e decidi virar nômade, eu tinha aproximadamente 6 meses de “salário” para manter uma padrão de vida parecido com o que eu tinha, no Brasil.

Manter e aumentar esta reserva sempre foi meu foco. Hoje eu poderia dizer que tenho uma reserva para ao menos 2–3 anos de padrão de vida viajando como nômade ou 4–5 anos com um padrão de vida mais simples, no Brasil.

26. Usa algum cartão de banco gringo?

Sim, três cartões. O N26. Cartão alemão que é um dos melhores para nômades, devido a sua baixa taxa de câmbio e possibilidade de receber dinheiro em uma conta na Europa. o Nomad, conta americana para brasileiros, que é carregada em dólar e tem um cartão que também funciona no mundo todo. E o Wise Borderless, que permite ter conta em alguns países e também tem taxas muito atrativas de câmbio.

Ambos só podem ser solicitados se você tiver um endereço na Europa.

27. Onde você guarda o dinheiro?

Em investimentos no Brasil. Eu adoro investir e aprendi sozinho. Hoje gerencio meu dinheiro através de corretoras e banco. Tenho carteira de ações, Fundos Imobiliários, Tesouro Direito e Previdência Privada. Inclusive escrevi um artigo com dica aos amigos de 20 e poucos anos, que comecem a investir o quanto antes.

Perguntas sobre amigos e relacionamento

28. Rola aquele momento deprê, olhando para o horizonte e lembrando dos amigos e família?

Sim. Já estive em muitos lugares incríveis, porém sozinho, sem poder compartilhar com outras pessoas. Infelizmente as vezes bate uma saudade de amigos e família, mesmo eu sendo muito desapegado! No meu caso, as voltas frequentes para o Brasil ajudam a amenizar a saudade.

29. Pensa em arranjar uma companheira para suas viagens?

Com certeza sim. Casal nômade é muito legal. Embora tenha ouvido que durante as viagens os problemas de casal podem potencializar e coisas simples podem virar problemas grandes.

30. Você não sente vontade de ter um dog ou casa?

Muito. Tenho muita vontade de ter um cão, uma casa, uma família. Uma das coisas que mais me frustra é ver algo incrível em uma feirinha em algum país exótico e não poder comprar, por não ter onde colocar. Mas sinto que ainda não é hora de ter uma casa. Nomadismo tem vida útil, mas sinto que ainda tenho alguns anos de exploração do mundo.

31. Você sente falta de estabelecer/cria raizes?

Não sinto falta no momento, mas já penso que em alguns anos reduzirem muito o ritmo de viagem para constituir família, ter uma casa e uma vida mais “normal”.

Perguntas sobre a Rotina

32. Quantas horas você trabalha por dia? Trabalha no final de semana?

Aproximadamente 30 horas por semana. Em alguns dias trabalho mais, outros menos. Desde 2018 eu consegui ajustar minha rotina para trabalhar mais nas terças e quintas. Isso quer dizer que nestes dias eu chego a trabalhar 10h, porém nas segundas e sextas eu trabalho muito pouco. Tornando possível praticamente incorporar as sextas e segundas aos finais de semana para poder explorar alguns destinos em finais de semana prolongados.

33. Pensa em diminuir a carga de trabalho nos próximos anos?

Sim. Eu sinceramente penso em deixar a carreira de consultor de marketing digital e achar uma forma de ganhar mais dinheiro e trabalhar menos. Como por exemplo, crescer os investimentos a ponto de conseguir viver de renda passiva.

34. Quero saber dos perrengues, qual foi o mais foda?

Sem dúvidas uma intoxicação alimentar na Tailândia. Estava numa parte bem remota do sul da Tailândia. Devido a falta de higiene é bem comum turistas pegarem intoxicação por lá. A que peguei me deixou de cama por alguns dias. O mais grave é que eu estava completamente sozinho.

35. Como é a sensação de não ter casa, sente falta?

É muito boa e ao mesmo tempo, assustadora. A liberdade de sempre estar morando em um lugar diferente é ótima. Eu não preciso me preocupar com os perrengues de manutenção de uma casa, por exemplo. Por outro lado, sinto falta de não ter um lugar para colocar lembranças de viagem, cozinhar para amigos e realmente relaxar.

36. Já quase foi roubado?

Sim, duas vezes. No Brasil.

Fora, no máximo fui enganado algumas vezes, mas nunca roubado de perder algo de valor. Tento parecer o menos turista possível, isso ajuda a evitar alguns golpes aplicados a turistas.

37. Qual tipo de hospedagem fica normalmente?

Airbnb no máximo de vezes possível. Eu tento me sentir “em casa” nos países que estou. Indo ao supermercado, cozinhando e as vezes passando um final de semana jogado no sofá. O Airbnb ajuda a reduzir os stress de mudança drástica de fuso, cultura e clima.

38. Como os clientes aceitam o seu “estado”?

A maioria me contrata já sabendo da minha rotina de viagens, então todos aceitam bem. Mesmo assim, percebo que latinos gostam de contato, portanto, percebo que a relação com os clientes melhora sempre que passo pelo Brasil e faço reuniões presenciais. No mais, eu só preciso estar provando que consigo trabalhar, mesmo estando do outro lado do mundo.

39. Como você faz com a saúde? Faz checkup, seguro viagem?

Seguro viagem sempre. Ninguém deveria sequer pensar em sair do Brasil sem fazer seguro viagem. Já tive de usar e foi bem importante para não falir. No mais, eu tenho feito alguns exames e consultado nutricionista quando no Brasil. Isso ajuda a manter a saúde melhor enquanto viajando. Também ando com kit básico de remédios, como remédio para gripe, dor de cabeça e curativos.

40. Como fazer atividades físicas em meio a vida nômade?

Esse ainda é meu grande desafio. Eu tento fazer, mas confesso que tenho muita preguiça. A melhor atividade para nômade é corrida, mas eu não gosto. Ultimamente tenho dado prioridade para apartamento do Airbnb em prédios que tenham academia, assim consigo fazer alguns exercícios com maior facilidade.

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