Como eu fiz para me tornar Nômade Digital e quando eu soube que estava na hora de buscar uma nova aventura
6 de junho de 2015. O dia em que eu abandonei o meu emprego formal e comecei uma das maiores aventuras da minha vida: ser nômade digital.
Tudo começou em 2014, quando eu ainda era sócio e trabalhava em uma agência. Apesar de gostar muito do que eu fazia, eu comecei a perceber que eu não estava mais feliz e satisfeito com aquela rotina. Eu podia até tirar férias e descansar, mas logo que eu voltava a trabalhar, o estresse voltava também.
Em junho de 2014, quando eu percebi que não estava mais dando, eu comecei a pesquisar sobre período sabático. Eu conversei com os outros sócios da empresa, expliquei que precisava de um tempo e, junto com eles, decidi que a partir de dezembro eu iria tirar um período sabático na Nova Zelândia. Porém, como eu não tinha dinheiro suficiente pra ficar um ano fora, o meu período sabático, foi na verdade, um período 100bático. Ou seja, foram 100 dias de viagem.
Eu estava com 29 anos, então começou a bater aquela típica crise antes dos 30, onde você começa a repensar as suas escolhas e o local onde você está. E quando eu cheguei na Nova Zelândia, eu tive certeza de que apesar de gostar do que eu fazia, aquela não era a vida que eu queria. O que eu mais gostava de fazer era rodar o mundo e conhecer pessoas e lugares. Logo, eu precisava encontrar uma forma de encaixar isso na minha rotina.
Foi aí que eu comecei a ler sobre pessoas que trabalham viajando. Me aprofundei mais sobre nomadismo digital e tive duas grandes influências: o Nômades Digitais (que é um casal brasileiro que segue esse estilo de vida a muitos anos e compartilham isso em um blog) e o Nomadic Matt (que é um americano que tem um blog sobre travel hacks e dá várias dicas sobre viagem). Assim, eu comecei a perceber: se essas pessoas fazem isso, porque eu não posso fazer também?
Quando eu voltei pro Brasil e pro meu trabalho, eu estava certo de que realmente aquela rotina não era mais pra mim. Porém, eu precisava ganhar dinheiro, já que eu tinha gasto praticamente toda a minha poupança durante a viagem. No meio disso, eu percebi que eu já tinha construído uma rede de contatos. Então, eu saí da agência que eu trabalhava e fui testar o modelo de home office. Meu objetivo era ver se eu iria conseguir clientes sozinho e se iria me acostumar com esse modelo de trabalho.
Fui conversando com amigos e com os contatos que eu tinha e eles foram naturalmente me indicando para possíveis clientes. Assim, 2 ou 3 meses depois que eu saí do meu emprego e me tornei freelance, eu já ganhava 3 vezes mais do que na agência e já estava completamente adaptado ao home office. E do home office para ser nômade digital, era um pulo. Afinal, o nomadismo nada mais é do que eu home office, que pode acontecer de qualquer lugar do mundo.
Passado esse “teste”, eu fui para o próximo: ver se eu conseguiria trabalhar e viajar ao mesmo tempo. Eu cheguei nos Estados Unidos e no segundo dia que eu estava lá, sentei no Starbucks para trabalhar pela primeira vez como nômade digital. E vocês não tem ideia da sensação que eu tive naquele momento. Eu estava completamente realizado, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Esse foi um dos momentos mais marcantes da minha vida e que eu registrei com essa foto.
Eu soube naquele momento que essa era a vida que eu queria e no mesmo dia já comecei a criar um planejamento pessoal para os próximos anos. Eu fiquei uma semana em Miami e eu vi que eu conseguia equilibrar bem as coisas e seguir essa rotina. Até então eu ainda tinha uma casa no Brasil, que era um apartamento que eu dividia com um amigo.
Resumidamente, o meu modelo inicial de nomadismo foi testar. Aos poucos e sem radicalismo. Depois de Miami eu fui para o Chile, depois para Nova York e assim eu fui indo e vendo como funcionava, ainda entre várias idas e vindas para o Brasil.
Por fim, 2016 foi quando eu efetivamente virei nômade e realizei o sonho de conhecer 5 continentes em um ano. Pra ser sincero, eu não achei que fosse durar. Achei que era uma fase e que em 1 ou 2 anos eu iria voltar a vida “normal”. Hoje eu já estou há 6 anos na estrada e ainda não tenho nem ideia de quando vou parar.
E se você se sentiu inspirado com essa história e sente que o nomadismo também pode ser para você, aqui vão algumas dicas do que eu fiz e recomendo que você faça, se você quer virar nômade digital:
1- Tenha uma reserva financeira
A sugestão que eu ouvi e repasso, é que você tenha pelo menos 6 meses de reserva. Se tudo der errado e você quebrar, você tem dinheiro suficiente para se manter por pelo menos mais 6 meses. Nesse tempo você pode achar uma solução ou até mesmo voltar para o Brasil e reestruturar a sua vida.
2- Converse com a sua família e com os seus amigos
Acho que ninguém te conhece mais do que a sua família e os seus amigos. Então converse com eles sobre isso. Se eles te derem apoio, pode ser um sinal de que você está pronto para ser nômade. Agora se eles te falarem que não vai durar, porque você é muito apegado, não é responsável ou algo assim, pode ser bom repensar e ver se as considerações deles são ou não verdadeiras e se realmente faz sentido você virar nômade.
3- Faça alguns testes
O nomadismo digital não é pra todo mundo. Não é só largar tudo e sair viajando. Envolve muita coisa e exige muito de você emocionalmente, fisicamente e socialmente. É necessário saber lidar com os problemas sozinho e sem ter a sua família ou amigos por perto. Claro que é um estilo de vida muito legal, mas é importante lembrar que não são só flores. Sendo assim, os testes te ajudam a entender se o nomadismo realmente funciona para você.
Pra mim tem sido uma aventura difícil, desafiadora e maravilhosa. E eu espero ter te ajudado e te inspirado de alguma forma. Se você tem uma pulga atrás da orelha de que a sua rotina atual não tem sido suficiente para você, talvez seja hora de ir atrás de outras possibilidades até que você se sinta plenamente realizado, como eu sou hoje.
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